Em tempos de Covid-19, papos sobre vacina, economia e emprego (ou a falta dele) estariam dominando as mesas de bar se estes estivessem funcionando normalmente.

Há algumas semanas me deparei com um post no LinkedIn que me levou a um artigo em que  o Jeff Gothelf discutia o que ele chamou de empregabilidade para sempre

Uma série de fatores tem contribuído, de maneiras bem distintas, para um movimento de pessoas mudando de emprego. Estamos em uma época em que novas profissões surgem graças à tecnologia, enquanto outras são eliminadas pelo mesmo motivo. Com o Covid-19, a certeza de que você continuará no seu emprego amanhã diminuiu. Temos hoje uma geração que pula de um trabalho para outro com frequência maior do que há 20 anos atrás. E ainda: com a expectativa de vida maior do que nunca, muita gente tem resolvido ter uma segunda carreira depois de anos de estrada. 

Com tudo isso acontecendo, eu te pergunto: ao invés  de você sair buscando emprego, por que não fazer os empregos te acharem mais facilmente? 

Segundo Gothelf, empregabilidade para sempre requer que você coloque em prática cinco conceitos. Vamos lá: 

Empreendedorismo. “Lá vem mais um falando que todo mundo tem que lançar o próprio negócio…”. Calma aí. A coisa não é bem assim. Transformar aquela velha ideia em uma empresa é, sim, uma opção. Sempre será. Mas o conceito é mais abrangente. O ponto aqui é uma questão de mindset; de você pensar como um empreendedor. Como atrair oportunidades e agarrá-las com sucesso? Qual o meu público-alvo? Que tipo de empresas eu consigo ajudar? Que problemas eu consigo ajudar as companhias a resolver? É como se você se transformasse em uma startup, mesmo que nunca tenha pensado em fundar uma.

Autoconfiança. Não estamos falando de conhecimento. Há um milhão de gente por aí especialista em tudo que é assunto. Entretanto, ninguém é expert em você. Suas histórias, sua experiência, os perrengues pelos quais você passou para aprender o que sabe e ter suas conquistas. A única pessoa que conhece isso profundamente é você. Não menospreze a sua experiência, o valor que você traz para a mesa. Certa vez entrevistei um jovem para uma vaga de emprego e percebi nitidamente que ele  conhecia muito bem o assunto e já havia, inclusive, realizado vários projetos na área, mas, apesar disso, não conseguiu demonstrar  autoconfiança nenhuma. Era como se dissesse “entendo da área, mas não posso garantir que vou conseguir aprender tudo que o vocês esperam de mim”. Próximo candidato, por favor.  

Aprendizado contínuo. Temos acesso ilimitado a informação hoje em dia. Muito conteúdo de altíssima qualidade. E muito lixo também. Saber separar um do outro não é tão complicado. Esteja sempre aprendendo, pois as coisas mudam, novos conceitos e técnicas aparecem a toda hora. E às vezes são assuntos antigos, mas abordados por alguém de forma diferente, inovadora, com atalhos eficientes. Leia blogs, livros (ou audiolivros), ouça podcasts. E pratique o que aprender. Experimentar é essencial. Você vai quebrar a cara muitas vezes. Mas tudo bem, desde que leve algum aprendizado com você. Como diz a autora e empreendedora Arianna Huffington, “falha não é o oposto de sucesso, mas faz parte dele”. 

Melhorando sempre. Estou atualmente tentando ajudar alguns poucos amigos a se recolocar no mercado, seja por terem perdido o emprego ou por estarem em busca de algo novo. Uma coisa que todo mundo já sabe fica muito clara em momentos como esse: em geral, você só vai indicar alguém para uma vaga – ou falar dele para uma pessoa que pode ajudar – se realmente ele  for bom no que faz, ou seja,  se mandar bem. Ninguém quer se queimar indicando amigos que não manjam da sua área, concorda? Quem está sempre aprendendo e colocando em prática o que aprendeu vai se tornando um profissional mais capacitado, ampliando o domínio em seu campo de atuação. E mesmo que você se considere um expert naquilo que faz, busque sempre novas e melhores maneiras de fazer o seu trabalho. Aprenda com os outros. Entenda como aqueles caras que  você admira profissionalmente fazem a diferença, e tente aplicar na sua área o que aprender com eles. 

É preciso se reinventar. Sou matemático. Comecei minha carreira como professor. De repente, surgiu uma oportunidade para trabalhar com tecnologia. Encarei e tive que aprender um monte de coisa sobre a qual não tinha a menor ideia. Curti o processo de aprendizado. Após duas décadas em tecnologia, agora trabalho usando a minha habilidade de construir relacionamentos com empresas e entender problemas e desafios dos meus clientes. Precisei recentemente aprender sobre aços especiais e mineração. Sigo me reinventando. Para nos mantermos empregáveis para sempre precisamos nos reinventar, criar novas e melhoradas versões de nós mesmos,  ou corremos o risco de não conseguir acompanhar o ritmo das mudanças.

Quem imaginou que o que vimos nos últimos seis meses no mercado de trabalho pudesse acontecer? Como impacto direto do Covid, empresas fecharam as portas, milhões de pessoas perderam seus empregos e outros milhões tiveram que se adaptar a novos modelos de trabalho. Sem falar nos mais de 1.5 bilhões de trabalhadores no mercado informal, ao redor do mundo, que de uma hora para outra se viram no abismo. 

E por outro lado – agora em uma ótica mais positiva – mesmo que esteja feliz em seu emprego, você nunca sabe quando uma oportunidade daquelas irrecusáveis pode pintar à sua frente. E ela só vai aparecer se você estiver preparado.

 

Com tudo isso, a mensagem para quem quer atrair empregos é clara: siga sempre estudando, se aprimorando, adquirindo novas habilidades. É como se estivesse sempre lançando novas versões de você mesmo. E confie, sempre, no seu taco.